Sou uma mulher latina e sensível que às vezes precisa lidar com uma TPM enlouquecedora. Em outras palavras, ingredientes que levam à combinação mais genuína possível para me fazer chorar em circunstâncias aleatórias. Eu chorei na aula de ioga. Ironicamente, parece que lá no fundo do meu coração eu já sabia que um dia isso iria acontecer.
Finalmente entendo por que me sinto desconfortável durante feriados. Desde que me tornei empresária, de alguma forma parei de me sentir em harmonia com aquela preguiça merecida, geralmente implícita nessas datas, como se elas não fossem feitas para mim (e para mais ninguém que por acaso esteja no comando de seus próprios negócios!).
"Preciso colocar o Brasil na rota da coquetelaria", exalta a bartender Neli Pereira, que adotou uma linha de trabalho voltada à valorização dos ingredientes brasileiros, em sua mais pura essência: araçá, grumixama, cataia, carqueja, catuaba, jurubeba, butiá - que se transformam em alquimia no balcão do Zebra, híbrido de bar e galeria em São Paulo.
Escrever sobre São Paulo me exige resgatar sentimentos profundos e esquecidos. Aqueles que me fizeram tanto desejar viver lá. Sentimentos cuja igual intensidade me deparei também querendo ir embora. São Paulo nos faz viver tudo de forma intensa, como se fosse a última vez de nossas vidas.
Muito antes de qualquer um de nós sonhar em viver sob regras socialmente tão restritas, dentro de uma quarentena interminável, tive a idéia de perguntar a alguns amigos bartenders que admiro muito: qual seria o Último Drink da sua vida? Prestes a completar 10 anos de carreira, Kennedy Nascimento me conta qual seria o seu.
"Nordestino é assim: vem pra São Paulo, mas depois tem esse sonho de voltar", disse o carismático Walter Bolinha, sobre voltar à sua terra Natal na Paraíba. Se todos tivessem o prazer de conhecer esse bartender à frente do Baretto há quase duas décadas, entenderia o que digo: uma das pessoas mais humildes e respeitosas do mundo da coquetelaria e da hospitalidade.
É consenso mundial e automático falar no Brasil quando se pensa em Carnaval. Mas depois que se vai à Holanda – justamente no mesmo mês de fevereiro (ou março) -, esse conceito pode mudar. Muitas cidades do sul da Holanda celebram o carnaval como um feriado de celebração importantíssimo.
Às vezes penso que nunca mais morarei no Brasil. É duro dizer nunca, mas não há nem uma ponta de desejo que me projete de novo lá. Mas sinto falta da energia brasileira. É como uma amiga disse: “Nós, brasileiros, sempre que entramos em uma sala, a enchemos de vida!”.