"Preciso colocar o Brasil na rota da coquetelaria", exalta a bartender Neli Pereira, que adotou uma linha de trabalho voltada à valorização dos ingredientes brasileiros, em sua mais pura essência: araçá, grumixama, cataia, carqueja, catuaba, jurubeba, butiá - que se transformam em alquimia no balcão do Zebra, híbrido de bar e galeria em São Paulo.
Escrever sobre São Paulo me exige resgatar sentimentos profundos e esquecidos. Aqueles que me fizeram tanto desejar viver lá. Sentimentos cuja igual intensidade me deparei também querendo ir embora. São Paulo nos faz viver tudo de forma intensa, como se fosse a última vez de nossas vidas.
Muito antes de qualquer um de nós sonhar em viver sob regras socialmente tão restritas, dentro de uma quarentena interminável, tive a idéia de perguntar a alguns amigos bartenders que admiro muito: qual seria o Último Drink da sua vida? Prestes a completar 10 anos de carreira, Kennedy Nascimento me conta qual seria o seu.
"Nordestino é assim: vem pra São Paulo, mas depois tem esse sonho de voltar", disse o carismático Walter Bolinha, sobre voltar à sua terra Natal na Paraíba. Se todos tivessem o prazer de conhecer esse bartender à frente do Baretto há quase duas décadas, entenderia o que digo: uma das pessoas mais humildes e respeitosas do mundo da coquetelaria e da hospitalidade.