Resgatei um velho hábito com potencial de se tornar uma ocupação para as noites de sábado. Estou cansada de sentir raiva, desesperança e tristeza por causa deste lockdown. Em vez disso, tomei uma decisão para preservar a sanidade mental que ainda considero ter sobrado em mim.
De todos os aspectos do meu país de origem dos quais mais sinto falta, nada supera a luz do sol que anseio há meses. Por que não estou sentindo aqueles impulso e energia positivos que sempre me empurraram para a frente? Será que meu corpo sente falta de vitamina D?
Querido diário, estamos atrasados para uma conversa franca. Você pode pensar que me esqueci de você, mas jamais o faria! Estou passando por um período de seca. O que não deixa de ser normal, não acha? Se lhe interessa saber, estou descrevendo como normal o que é estranho e doloroso.
Quando o final de um ano se aproxima, muitos acham inevitável não retroceder aos momentos e cenas que mais prevaleceram nos 12 meses anteriores. Na tentativa de definir como foi nosso ano, mentalmente rotulamos eventos significativos como bons ou que valem a pena esquecer.
Tirei a sexta-feira de folga. Minhas reportagens inacabadas podem fermentar um pouco mais. Esses e-mails podem esperar e o editor da revista há de entender meu ritmo mais lento também. É quase fim de semana e, pelo amor de Deus, o sol está brilhando e me convidando pra sair!
Às vezes penso que nunca mais morarei no Brasil. É duro dizer nunca, mas não há nem uma ponta de desejo que me projete de novo lá. Mas sinto falta da energia brasileira. É como uma amiga disse: “Nós, brasileiros, sempre que entramos em uma sala, a enchemos de vida!”.