(Des) conexão?

27 de Dezembro de 2020

No ano em que muitos perderam empregos e viram carreiras descarrilhadas, tantos outros enfrentaram o extremo oposto, vendo-se afogados em exaustivas horas de trabalho como nunca. Afinal, 2020 foi o ano dos paradoxos.

A pandemia acaba de agravar o que já foi moldado pela influência digital acerca do comportamento humano: vida privada e profissional tornaram-se cada vez mais integradas e a linha tênue que costumava separá-las desapareceu para definir um novo padrão.

As pessoas estão trabalhando ainda mais para garantir uma fonte de renda enquanto tentam encontrar o que sobrou de seu verdadeiro eu, em um confuso entrelaçamento das vidas real e digital.

As intermináveis reuniões pelo Zoom, o vício na gratificação instantânea da mídia social e as constantes tipificações de aplicativos nos tornaram escravos de um mundo que não podemos nem mesmo tocar. Você não acha tudo isso estranho?

Eu temo pelo que virá a seguir. Temo pelo que as pessoas consideram uma evolução, um progresso em direção ao futuro. Temo pela perda de apetite das verdadeiras conexões humanas. Vejo amigos relatando que seus filhos pequenos já não sentem vontade de sair de casa... que tristeza. 

Em um ano em que o desagradável distanciamento físico forçado nos fez perder encontros tangíveis, de alguma forma ficamos totalmente desconectados.

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