Humor inundado
15 de Julho de 2021
Depois de duas semanas submersa em uma história sobre as péssimas condições das pontes e cais de Amsterdã, para a qual fui contratada a escrever para uma revista nobre, finalmente encontro descanso e volto ao solo firme. Por dias e noites, esse assunto foi tudo em que eu pensava, escrevia e sonhava. Uma história tão densa que, depois de terminada, me senti vazia. É verdade que o tema em si não deixa Amsterdã mais bonita - razão suficiente para me colocar pra baixo. Afinal, eu amo o lugar onde moro e machucou meus sentimentos apontar o dedo para tantos lados negativos da minha amada cidade.
Sei que vou superar isso já já. Não é a primeira e nem será a última vez que sinto o que muitos escritores sentem depois de completadas suas obrigações. Mas, quando vejo uma nova semana se desenrolando à minha frente, percebo que sinto falta de uma agenda mais rígida e fixa. Acho que ter muita liberdade para moldar nossa rotina diária pode ser um inimigo silencioso - especialmente quando isso vem entrelaçado com um desejo melancólico de ver a luz do sol novamente: para constar, vem fazendo um frio terrível, embora seja verão em Amsterdã e "Eu preciso desesperadamente de férias" é o meu lema atual.
Tenho pensado em viajar para Palermo. A Itália é o lugar mais próximo da Holanda onde estão amigos calorosos e queridos. A energia do Palermitani pode ser o combustível que preciso para suportar mais um inverno holandês. Além disso, a comida mediterrânea, as risadas, a luz... Só de pensar em tudo isso meu coração bate mais forte. Minha segunda dose da vacina está chegando. Talvez ter algo pelo qual ansiar possa ser o estímulo certo para persistir um pouco mais até que eu tenha uma folga merecida.
Mas então percebo que o problema pode não ser a falta de rotina, mas o excesso de dúvidas sobre o futuro, mais ainda os "desejos e necessidades" que oprimem meus pensamentos e paralisam meu impulso interior.