O que explorar na Alemanha

Pra entender a historia e a cultura da Alemanha e se apaixonar por um roteiro feito de paisagens, sabores culinários e expressões artísticas inesquecíveis, comece por Leipzig. Nenhuma outra cidade representa tão bem a Alemanha como essa, atualmente a que mais cresce e prospera no país, além de nutrir legados culturais de peso incomparável:

- Foi lá onde o gênio Jean-Sébastian Bach nasceu;

- A Biblioteca Alberta da principal universidade local tem um acervo com cerca de 3,5 milhões de livros;

- Muitas editoras de livros e outros veículos impressos alemães começaram seu business em Leipzig antes de serem destruídos na 2a Guerra, sendo que ainda hoje celebram a maior feira de livros da Europa todo mês de março (muitos consideram Leipzig como a cidade onde mais se lê na Alemanha);

- Foi lá onde o famoso Partido Social-Democrata foi fundado;

- A cidade, na década de 20 comercializava 1/3 do mercado mundial de peles animais;

- A queda do Muro começou, de fato, em Leipzig. Foi a partir de um protesto contra o regime político, em 09 de Outubro de 89, com 70 mil pessoas à frente da bela igreja St. Nikolaikirche (Igreja de São Nicolau), que gerou o impulso necessário, 04 semanas depois, para a força que derrubaria o Muro na cidade de Berlim;

- Apesar de ser uma cidade antiga, grande parte da população é jovem e a cena noturna e artística exercem grande influência na cidade.

Assim como não há melhor forma de conhecer a Alemanha que visitando Leipzig, não há melhor maneira de se encantar pelo país do que explorando cidadezinhas medievais interioranas, como Rüdesheim e Assmannshausen am Rhein (patrimônio da Unesco), Eltville am Rhein, Rothenburg op der Tauber, Bamberg, e outras. Algumas formam a conhecida “Rota Romântica”, que pode iniciar em Würzburg – para quem desce ao Sul da Alemanha – ou por de Füssen, para quem sobe. O verão - a melhor época para um passeio como esse de carro - reserva uma natureza tão deslumbrante que não perde em nada para países de clima tropical, como Brasil e Tailândia. Todas as rotas e arredores estão completamente floridos e alegres.

As estradas, por sua vez, dão um show a parte. Seja pela Rota Romântica, feita de paisagens pitorescas que mais parecem pintura de quadro, ou pela rápida Autobahn, qualquer motorista e principalmente os aficionados por carro podem se esbaldar: as estradas são mantidas em condições impecáveis e alguns trechos não tem limite de velocidade.

Por qualquer uma das vias, dá pra notar o imenso sistema de captação solar digno de Primeiro Mundo: tanto as casas residenciais como as próprias “solar farms” aproveitam os dias ensolarados em benefício de um sistema de energia mais sustentável. Matas e plantações muito bem cuidadas chamam atenção também, principalmente as de trigo. Alguma dúvida de ser o país da cerveja? Sim e não. Pois é também do vinho. E de vinhos espetaculares que infelizmente não são muito bem distribuídos mundo afora, cujas safras são agraciadas pela junção de climas frios e quentes que trazem a condição perfeita aos vinhedos cercados pelos rios Main e Rhine. É o que torna distintos, por exemplo, os vinhos produzidos nas famosas regiões do Rheingau e os da Franconia. No primeiro, a uva Riesling se faz mais tradicional (representa 84% de toda a produção local e a mais expressiva do mundo), com solos fantásticos e localização privilegiada entre o Rio Rhine e as montanhas Taunus. Parte dessas produções ainda é artesanal, com a tentativa de não utilizar químicos e se chegar, cada vez mais, à produção biodinâmica.

Em outras cidades como Bamberg (onde se bebe a famosa cerveja defumada) o comportamento cervejeiro é muito respeitado e atrai turistas ano a ano. Mas em pequenas cidades como Rüdesheim, Eltville, Rothenburg e Würzburg, só se fala e se bebe vinho. Würzburg, por sinal, dentro da região da Franconia, apresenta a maior concentração de vinhedos dentro do limite de cidade em toda a Europa. Sem contar que abrange três dos maiores produtores de vinhos do país. Nesse local são produzidos rótulos maravilhosos na Bürgerspital (da qual falo em outro artigo), uma espécie de instituição local que existe há mais de 700 anos, capaz de produzir 1 milhão de garrafas ao mês. Não só da produção de vinhos ela se consagra, mas também comporta uma importante capela e um grande centro de cuidado com idosos carentes.

A visita pelas cidades menores da Alemanha é também um convite pra desligar a mente do ritmo frenético das capitais, não somente pelo silêncio ao cair da noite ou mesmo pela exuberante natureza, mas pela ausência (curiosa) de uma boa internet! Em alguns locais o 4G não é muito popular. Ou seja, vá com pouca pretensão de conexão 24/7, bem acompanhado, aventure-se nas estradas, fotografe muito e não poupe momentos de prazeres etílicos.

Em tempo: seria uma injustiça falar da Alemanha e não citar Berlim! Uma cidade progressista, de contrastes, de espírito livre, de jovens de estilo ultra alternativo que se vestem e andam como querem, da cena punk que ainda pode ser vista pelos bairros da antiga Berlim Oriental, dos bares que deixam o cliente escolher quanto paga... Berlim é tudo isso, mas muito mais. Uma cidade de alma gigante, de tantas expressões sem regras, de uma beleza fria, um camaleão do inverno para o verão. Certamente Berlim vai lhe atrair ou vai lhe assustar. Para os de mente e peito abertos, a primeira opção, sem dúvida, é instantânea.

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