Indulgência sem culpa

03 de Agosto de 2020

Quanto mais velhos ficamos, mais inábil será nossa capacidade de agir com espontaneidade. Quando mal lembramos qual foi nossa última decisão inconsciente - ou impulsiva -, as chances são grandes de que o chamado espírito livre da juventude que um dia possuíamos já tenha se dissipado.

Tive esta conversa com meu marido há alguns meses. Durante o jantar, reclamei que não me deixava mais ser levada por esses impulsos: aqueles geralmente responsáveis por nos dar uma culpa agridoce ou apenas uma sensação muito boa de ter coragem o suficiente para ousar.

Na sexta-feira passada tive a oportunidade de mudar esse padrão. Estávamos comemorando nosso aniversário de casamento em nosso bar favorito, no Hotel Pulitzer, quando meu parceiro propôs, de última hora, reservar um quarto e passar a noite.

Minha resposta imediata foi uma grande desaprovação, tanto porque eu não queria pagar uma fortuna de uma reserva de última hora, como também não tinha minha escova de dentes nem a troca de roupas. Também tive a audácia de citar uma janela deixada aberta em casa como outra justificativa boba para nos fazer acreditar que não merecíamos um tratamento extravagante.

Pois bem. Feliz por ter um marido tão maravilhoso quanto persistente que conhece minha reputação de controladora e colocou as cartas certas na mesa para me convencer.

No dia seguinte éramos os mais bem vestidos no café da manhã.

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