Flanando
15 de Agosto de 2020
Pelo segundo sábado consecutivo, depois da minha religiosa visita ao mercado, sentei-me no mesmo restaurante israelense na Westerstraat (a propósito, adoro o som da língua hebraíca). As mesas externas recebem a melhor luz solar para um bronzeado, enquanto me garante o lugar certo para meu experimento antropológico.
Sou atraída pelo comportamento dos transeuntes. Neste dia e época do ano eles são turistas que exploram as atrações da cidade ou moradores locais indo e vindo do Noordermarkt (a maior feira de orgânicos da Holanda).
Todos parecem relaxados e livres das preocupações diárias. Para a maioria das pessoas, os finais de semana permitem deixar os problemas de lado. Eles passam por mim com leveza e entusiasmo, parecendo que os dois dias de descanso à frente irão acariciar seu eu interior. Até os cães têm aquele espírito alegre em suas caminhadas.
As raças de cães também podem dizer muito sobre seus humanos. Eu vejo pequenos, grandes, com pedigree, vira lata, mestiços, fofos, de pelo curto... e então ouço uma senhora italiana gritando ao telefone. Posso dizer que ela não está brigando, embora todos ao meu redor tenhm ficado um pouco assustados.
Pago minha conta e, no caminho de volta para casa, um sotaque espanhol de um casal atrás de mim me faz querer adivinhar de qual parte da América Latina eles vêm.
Quase senti aquele gostinho de cidade abarrotada, daqueles meses de agosto repletos de nacionalidades passeando pelas ruas antes da pandemia nos deixar a mercê de um aprisionamento sem fim.