O espírito comunitário do berlinense
Além de Berlim não ser uma cidade cara, principalmente quando comparada a outras capitais tão visitadas quanto, no mundo, dá pra comer e beber muito bem, pagando bem pouco. Quando pensamos em tomar vinho na França – preços muito bons para altíssima qualidade – na Alemanha vale o mesmo com a cerveja. Em qualquer esquina encontra-se uma boa mesa de bar. Não dá pra esquecer de mencionar o quanto a Segunda Guerra mudou o estilo de vida e o comportamento da sociedade. Não é um lugar consumista. Diversos bares, principalmente os que estão localizados no lado Oriental, deixam o cliente pagar o que acha correto para o que bebeu e comeu. Já imaginou isso em outros lugares no mundo? E leva-se muito em consideração que a grande maioria lá vive com pouco. Vive bem, mas vive com pouco. Não esbanja. E encontra maneiras de se divertir, ganhar dinheiro, mostrar seus trabalhos, de forma mais indepedente e criativa.
Muitos bares espalhados pelo Mitte, por exemplo, tem proprietários ou gerentes jovens, todos em idade universitária, trabalhando em dois ou três lugares ao mesmo tempo para fazer uma graninha a mais. E existe um espírito de consideração e colaboração com o próximo muito forte: se um homem de rua entra no bar sem dinheiro, certamente esse cara não teve uma vida fácil e sabe-se lá pelo que passa até hoje, o que já é motivo para que outros cidadãos respeitem-no e lhe paguem uma cerveja para aliviar seu espírito carregado. Vi essa cena acontecer algumas vezes nesse despretensioso bar de cervejas logo em frente à estação Rosa-Luxemburg-Platz, no coração do Mitte. Era, ao mesmo tempo, um ponto de encontro de amigos e galera, local para o home office de berlinenses, alguns turistas de primeira viagem e muitos moradores locais vivendo em condições econômicas difíceis, mas que lá podem encontrar um pouco de afeto.
Em tempo: a carta de cervejas lá é muito boa, o preço idem, e a atmosfera melhor ainda.